O que popularmente se conhece por “impotência sexual” é atualmente tratado pelos especialistas como “disfunção erétil”, ou seja, é uma disfunção sexual que acomete homens que, por um motivo ou outro, não conseguem seguidamente ter ereções quando tentam ter relação sexuais ou mesmo quando estão sozinhos.
Para se tratar de disfunção erétil, primeiramente é preciso esclarecer que falhas eventuais na ereção peniana não caracterizam uma disfunção erétil. Todo homem tem, eventualmente, experiências em que não consegue uma ereção, mesmo que deseje ter essa ereção naquele momento. Ansiedade, exagero no álcool ou em outras drogas, estresses no cotidiano, ressentimentos com a parceira ou parceiro, problemas morais, grandes preocupações, intensa concentração em algum projeto profissional, dentre outros fatores, podem facilitar o aparecimento de falhas nas relações sexuais (ou mesmo no desejo sexual) sem que se caracterize uma disfunção erétil propriamente dita. São eventos passageiros ou temporários que, uma vez resolvidos, possibilitam a volta da competência sexual.
Um ponto importantíssimo quando tratamos de uma disfunção erétil é verificar, antes de tudo, as possíveis causas corporais para o problema. Uma queixa de disfunção erétil deve ser examinada antes pelo urologista, e somente depois pelo psicoterapeuta. A intervenção de um psicoterapeuta será útil em ambos os casos, havendo, ou não, problemas físicos que justifiquem a disfunção sexual. Para cada um desses casos, haverá um procedimento por parte do psicoterapeuta.
Uma vez afastada a hipótese de disfunção erétil de causa corporal, a maneira com que o psicoterapeuta vai lidar com o problema depende de sua fundamentação teórica. Um psicoterapeuta psicanalista vai explicar de uma maneira a disfunção erétil, um psicoterapeuta de orientação comportamentalista vai entender de outra modo, um psicoterapeuta humanista vai compreender seu cliente ainda de um outro jeito. Por causa disso, cada um desses psicoterapeutas proporá um caminho terapêutico diferente.
Embora diferentes, nenhum dessas orientações teóricas é, a princípio, melhor que as outras. São caminhos diferentes porque baseados em diferentes posturas filosóficas, as quais provocam diferentes visões de ser humano e, por conseqüência, diferentes olhares sobre o sofrimento. Mais importante que a visão do psicoterapeuta, é o cliente, a partir de sua própria percepção de si e de seu sofrimento, se sentir acolhido e compreendido pelo profissional que o atende e, por causa disso, confiar que poderá resolver a questão que o levou a procurar aquele profissional psicoterapeuta.
Na Gestalt-terapia, uma psicologia humanista, a compreensão do psicoterapeuta se voltará muito mais para a pessoa que tem o sintoma do que para o sintoma que a pessoa tem. É óbvio, essa postura não implica em desconsiderar o sintoma, mas em considerar principalmente o sentido que aquele sintoma tem para aquela pessoa naquelas circunstâncias de sua vida. E isso é único para cada pessoa em cada momento.
Essa conduta terapêutica parte da postura filosófica que se fundamenta na crença de que o sintoma tem um para quê, o sintoma aponta para algum potencial que a pessoa precisa desenvolver e ainda não sabe como. No processo de seu desenvolvimento, o ser humano vai, a pouco e pouco, e a exemplo da semente que precisa tornar-se árvore, desenvolvendo potenciais na infinita busca por auto-realização. Em alguns momentos, em função de inúmeras circunstâncias, algum potencial entravado clama ser liberado. Esse clamor, não raro, vem na forma de algum sintoma que obrigue a pessoa a se mover e a enfrentar algumas questões existenciais que estão obstruindo momentaneamente o desenvolvimento desse potencial.
O papel do gestalt-terapeuta será, essencialmente, o de buscar facilitar para seu cliente a descoberta sobre como enfrentar as questões do momento a fim de desentravar seu desenvolvimento. Assim, o cliente poderá continuar mais adequadamente seu crescimento pessoal, de maneira a superar esse sintoma, praticamente trocando a disfunção erétil por crescimento pessoal e ampliação de horizontes existenciais, o que gerará, é claro, uma vida (sexual) mais prazerosa e profunda.
No caso da disfunção erétil de causa física, o papel do psicoterapeuta será um pouco diferente, pois ele privilegiará tratar com seu cliente acerca das conseqüências daquele problema em sua vida e das decisões que o cliente terá que tomar, em parceria com seu médico urologista, sobre que tratamentos podem dar uma resposta mais satisfatória para o cliente naquele momento de sua vida. Nesse caso, o trabalho interdisciplinar entre psicoterapeuta e médico é essencial, ou seja, os profissionais devem compor uma equipe integrada e respeitadora a serviço do cliente.
Em ambos os casos de disfunção erétil, quando o cliente tem uma parceria fixa, é comum haver sessões em que o gestalt-terapeuta atende o par, pois, via de regra, a disfunção erétil tem (também) um sentido para a parceria. Tanto no caso da disfunção erétil de fundo físico quando a que se fundamenta em questões existenciais, o processo psicoterapêutico proposto costuma ser um trabalho de psicoterapia de curta duração. A prática e a fundamentação teórica da Gestalt-terapia de Curta Duração serão assunto para outra conversa, em momento oportuno.
Você deve estar logado para publicar um comentário.